“Descobri recentemente um nova dorzinha. Sabe aquela que você nunca cogitou de pensar em ter? Pois é. De repente, sem ninguém esperar, algo veio à superfície. Era engraçado como tudo parecia normal. Nós tínhamos resolvido tudo e uma amizade parecia ter surgido depois de termos colocado os pingos nos is. Eu via você com seu novo amor e nada acontecia comigo. Pra mim tinha resolvido real. Até que um dia, eu descobri que ainda não totalmente. Gente, foi do nada quando eu notei que sentia muita falta de quem você era.
Chorei. Sim, eu me permiti chorar e perguntar sobre o porquê aquilo estava vindo daquele jeito, depois de tantos anos. Eu só sentia muito carinho por você, desejava um futuro maravilhoso como você merece e não entendia praquê aquele choro. Era choro de saudade.
O tempo passa, mas as lembranças nem tanto. Num acaso, citei quantas andanças tive por ai e como ninguém foi como você era. Man, você era um mega companheiro que me amava mais do que a você mesmo, às vezes. Você me ensinou a sair de prisões, comemorava minhas vitórias, fazia planos sobre nossa casa e nossa futura família. Você tinha um beijo com muito amor, nós tínhamos um fogo na cama de amantes novinhos e nossos risos eram iguais aos de adolescentes conhecendo a vida e o amor pela primeira vez.
Não sei porque voltei nessas lembranças, com tantos detalhes, naquela mesa em que falei de você. E mais estranhamente, no dia seguinte, fui olhar fotos antigas, do tempo que te conheci, já que você havia mudado muito na atualidade. A impressão que tive era de que o ontem e o hoje, de fato, são duas pessoas distintas. E o pior: que eu ainda amava o seu EU de ontem. Aquela constatação veio quando eu senti algumas coisas daquela época das fotos. Fod* cara.
Eu tô vivendo um luto de alguém em vida. É como se você tivesse morrido e eu estivesse como a viúva que ainda ama o defunto.
Que louco isso! Como consegui quebrar você do ontem e colocar numa lápide emocional? Como minha cabeça ainda acredita, de alguma forma, que você é aquele?”
.
.
(10 minutos depois)
.
Continuei sem respostas.
Levantei, só de camisão e short e fui buscar um café na cozinha.
.
A única certeza que eu tinha era de que as lembranças sobre você ainda eram muito vivas. O que me restou? Levar isso pra terapia e tentar entender. De certa forma isso me dava algum prazer: saber que aquele cara vive em algum lugar…mesmo que num reino da fantasia dentro de mim.
Imagem: (And Just Like That/ HBO Max/ Reprodução)
Leave A Comment