“EU NÃO CALO A MINHA VOZ,
SE FOR PRECISO VOU GRITAR POR TODAS NÓS,
SE ATINGE UMA, ATINGE TODO MUNDO,
MACHUCA UMA, MACHUCA TODO MUNDO.”
Simone e Simaria – Amor que dói
#vctemvoz
“As mulheres apanham porque gostam ou porque provocam.”
A cada hora, a cada minuto, a cada segundo, milhares de mulheres são violentadas. Enquanto escrevo estas linhas, milhares de mulheres estão sendo violentadas. Enquanto você lê este texto, milhares de mulheres estão sofrendo algum tipo de violência. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, a cada seis minutos, um caso de violência contra a mulher é registrado pelo Ligue 180 (a Central de Atendimento à Mulher é um serviço criado para o combate à violência contra a mulher e oferece três tipos de atendimento: registros de denúncias, orientações para vítimas de violência e informações sobre leis e campanhas).
“A Lei Maria da Penha é inconstitucional.”
O mês de agosto foi escolhido como o mês de conscientização no combate a violência contra a mulher, nomeado AGOSTO LILÁS. Este mês é marcado pela criação da Lei Maria da Penha, sancionada em 07 de agosto de 2006 e que cria mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher em conformidade com a Constituição Federal (art. 226, § 8°) e os tratados internacionais ratificados pelo Estado brasileiro (Convenção de Belém do Pará, Pacto de San José da Costa Rica, Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher).
“É fácil identificar o tipo de mulher que apanha.”
Entretanto, devemos tratar este assunto durante o ano inteiro, afinal, a violência não escolhe mês, dia, hora, local ou classe social. Várias campanhas vêm sendo desenvolvidas ao longo dos anos com o objetivo de sensibilizar, esclarecer e convocar os brasileiros para uma união nacional no combate a esse grave problema. Ao contrário do que pensa, casos envolvendo violência de gênero pode acontecer em qualquer lugar e camada social. É através da conscientização que mulheres em situação de violência doméstica podem receber a devida atenção e proteção.
“Se a situação fosse tão grave, as vítimas abandonariam logo os agressores.”
A violência contra a mulher é um fenômeno complexo, onde a mulher, por vezes, não se percebe como vítima, tendo em vista o ciclo de violência em que ela está envolvida. Abaixo, a imagem ilustra o Círculo de Violência (fonte: Secretaria do Desenvolvimento Social) em que a mulher, vítima de violência, está inserida.
Reconhecer as fases que compõem esse círculo de violência nos orienta a ajudar outras mulheres, mas também a nos reconhecer como parte de roda viva de eventos, que por vezes, não reconhecemos como violentos.
Fonte: Secretaria do Desenvolvimento Social
Com base nos estudos da psicóloga norte-americana Lenore Walke, apesar da violência contra a mulher ter várias faces e especificidades, as agressões cometidas em um contexto conjugal ocorrem dentro de um ciclo que é constantemente repetido e se limita a três fases:
∞ Fase 1 – Aumento da tensão
O agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. A mulher tenta acalmar o agressor, fica aflita e evita qualquer conduta que possa “provocá-lo”. A vítima tende a negar que isso está acontecendo com ela, esconde os fatos das demais pessoas e, muitas vezes, acha que fez algo de errado para justificar o comportamento violento do agressor.
∞ Fase 2 – Ato de violência
Corresponde à explosão do agressor, a falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. O sentimento da mulher é de paralisia e impossibilidade de reação. Ela sofre de uma tensão psicológica severa e sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor, podendo tomar decisões como: buscar ajuda, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação e até mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento do agressor.
∞ Fase 3 – Arrependimento e comportamento carinhoso
Conhecida como “lua de mel”, se caracteriza pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o seu relacionamento diante da sociedade, sobretudo quando o casal tem filhos. Em outras palavras: ela abre mão de seus direitos e recursos, enquanto ele diz que “vai mudar”. Há um período relativamente calmo, a mulher se sente feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando os momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima e agressor. Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão faz parte dos sentimentos da mulher. A tensão volta e, com ela, as agressões. Voltamos a fase 1 do ciclo.
“Em briga de marido e mulher não se mete a colher./Roupa suja se lava em casa.”
Diante da violência, o que fazer? Primeiramente, a mulher deverá buscar orientações para compreender o cenário ao qual está inserida através do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRM) de sua cidade. E, assim, romper o ciclo de violência, decidindo pelo melhor momento para denunciar o agressor.
Outro serviço é o Ligue 180, disponibilizado pelo Governo Federal, que funciona 24 horas por dia durante todos os dias da semana. Neste canal a mulher pode saber onde existe um Centro de Referência de Atendimento à Mulher ou uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) ou dirigir-se diretamente a uma DEAM, sobretudo se a mulher estiver sob ameaça ou sofrendo violência física.
Mas, a primeira atitude no acolhimento da mulher em situação de violência é considerar os seus relatos, gerando mecanismos de conscientização, coragem e empoderamento da mulher.
“Amor que dói, que cala a voz, não é amor…”
Dica:
INSTITUTO MARIA DA PENHA https://www.institutomariadapenha.org.br
Imagens: Google imagens/Pinterest/Reprodução
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