“…eu disse 50x que não tentaria mais. Que iria desistir de tudo. Cansada de tentar com alguém, de tentar subir meus seguidores, de tentar perder peso, eu já tinha cansado de mim e de tudo. Porque é aquilo, cara, nesses tempos difíceis, eu tô evitando gastar energia em expectativa. E, infelizmente, já tinha notado que a fé, às vezes, parece lenha na fogueira da expectativa. Com tanta desgraça acontecendo, eu me dei férias. Férias de mim. Tirei toda a capa de força e chorei. Chorei muito, fiz cosplay de Maria do Bairro. Expurguei dores de uma história pesada e de tudo que tava acumulado aqui. Revi, diante de um telão, todos os fracassos de relacionamento, todas as vezes que fui trouxa, todas as expectativas frustradas, todos os bullyings e tudo que me fez ficar mal, mas eu, com toda a força que me forçava a ter, não deixava vir à tona. Sempre tava tudo bem. Engolia brejos e brejos pra não me indispor com ninguém e ter a imagem de força. Mas hoje não. Fiquei alguns dias encarando a mim mesma diante do espelho e dizendo: vai ficar tudo bem, mas agora, de verdade. Sem fingir. Levei na cara muitas vezes, mas agora não mais. Agora entendi o que realmente é ser forte: é ter a coragem de ver minhas fraquezas como peças importantes para continuar minha trajetória…por que não existe história sem dor. A dor faz parte, mas não pode definir que “você não pode tentar de novo”. Dor é continuação, não conclusão.”
Forte é quem chora e não tem medo de tentar de novo, mesmo que tenha levado na cara a vida toda
About the Author: Raí Rocha
Psicanalista, Professor e Jornalista. Mestre em Ciências do Cuidado pela UFF. Fascinado por cultura, gastronomia, relacionamentos e comportamento.
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